31 de julho de 2007

MESA DE BAR


O rapaz estava sentado à mesa do bar. Um copo vazio à sua frente. Solitário, triste, pensativo. De longe, alguém o observava. Algo de errado poderia estar acontecendo com o moço. Conhecido e sempre alegre em roda de amigos. Pelos cantos, cochichavam. Uma desilusão? Um amor incompreendido? Uma saudade?
Passava os dedos pelas bordas do copo. Ouviu dizer que esse procedimento provocava sons e uma música poderia afogar suas mágoas.
A todo instante, consultava o relógio. Levava-o ao ouvido ou sacudia-o, na incerteza de estar funcionando ou não.
A curiosidade levava os serviçais a repetir seu gesto, de maneira automática. Ao mesmo tempo aguçava-lhes a expectativa de que alguém pudesse chegar a qualquer momento. Alguém do relacionamento íntimo daquele jovem solitário. Talvez, para a passagem de uma noite romântica. Ou do desenlace de uma paixão incompreendida.
Um garçom foi até a sua mesa. Não, o rapaz não queria beber nada. As conversas próximas não lhe chamavam a atenção e tampouco mexia com seu pensamento, fixado bem longe da alegria daqueles que ficavam à sua volta.
Momentaneamente, dobrou a cabeça, com as mãos amparando-a junto aos ouvidos, como que quisesse ficar alheio ao burburinho ao lado. A tristeza era mais forte naquele momento, talvez de sentimento, ou de reflexão.
Aos poucos, aquele recanto bucólico, que provocava sonhos, que encantava casais de namorados, foi ficando abandonado.
Já nas altas horas da noite, o garçom bateu-lhe nos ombros. Ele se despediu sem nada dizer. O vazio do copo era pura imaginação para contar esta história.

Nenhum comentário: