31 de julho de 2007

GUIA TURÍSTICO



Os passeios, de qualquer tipo, proporcionam uma gama enorme de distrações, não bastasse a satisfação íntima do contato com o novo. Há sempre uma surpresa, o belo, a natureza, o desconhecido, a sensação de alegria e felicidade, a revelação, a identidade de valores. Quando se trata de excursão, que reúne pessoas das mais variadas formações profissionais, torna-se mais interessante, por uma série de razões, sentida nos dias de convivência. Os passeadores sabem muito bem disso.
Agora, tem o seguinte: se os passeios são monitorados por guias pouco comunicativos e que desempenham suas atividades por mera obrigação, tudo pode se tornar frustrante. Nada pior do que um roteiro em que a orientação dos locais a serem visitados é feita apenas por um palavreado burocrático, de puro efeito técnico, em que os turistas simplesmente ouvem, não perguntam, não têm liberdade de um contato mais ligado à troca de impressões, o que, na verdade, é o que mais desejam.
Faço aqui um pouco de digressão, para um paralelo entre valores diplomados e aqueles que simplesmente se revelam possuidores de uma capacidade inata, para desenvolver suas atividades. Há pessoas que nascem com o dom para um determinado ofício e que, por razões diversas, não dispõem de recursos para habilitação profissional, mas procuram se inteirar do novo e enriquecer conhecimentos práticos.
Volto aos passeios.
Um guia turístico desembaraçado, cheio de prosa, que conta piadas, fala mentiras das grossas, põe os turistas à vontade, deixa-os descontraídos, torna o ambiente alegre e provoca uma sensação de felicidade em todos os que o rodeiam. Às vezes, os assuntos mais simples ganham enorme importância, pelo enfoque que lhes é dado ou pela maneira como são apresentados.
Claro que os lugares pitorescos são os mais visados, como praças, com os vultos históricos perpetuados em estátuas, museus, sobretudo de figuras que fizeram a história do país, igrejas, universidades, zoológicos, praias etc e tal. De passagem, mansões de personalidades ou empresários que sustentam a liderança política e econômica da região, ou ainda que se destacam em artes, como música, teatro, pintura, literatura, escultura, cinema e outros movimentos culturais.
Mas de um roteiro tão interessante quanto lógico os turistas não escapam. Refiro-me às paradas em locais onde o comércio artesanal se transforma em pontos obrigatórios de visitas. Os guias alardeiam a necessidade de um descanso ou lanche rápidos e enfatizam a qualidade dos produtos que ali podem ser encontrados: os chamados suvenires, representados por peças de madeira, porcelana, barro, colares, pulseiras, brincos de pedras ou sementes, rendados, além de doces e licores de todos os tipos e gostos, lambe-lambe para uma foto e uma infinidade de outras lembranças. E até repentistas para aquela saudação tão formal, na repetição de versos e, depois, o passar do chapéu para algumas moedas. Afinal, eles vivem disso. E tem alguns guias que são espertos, pois a uma distância desses locais transmitem um sinal característico, principalmente buzina, de aproximação dos excursionistas, como dizendo "estamos chegando". Não é preciso dizer porquê.
Mas, em passeios, é isso mesmo. Tudo é festa!

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