27 de abril de 2007

QUE PAÍS É ESTE?

Desde que me conheço por eleitor tive oportunidade de manifestar escolhas nos mais diversos níveis da administração pública, isto é, desde vereador até presidente da República. Sempre o fiz com espírito de verdadeira brasilidade, pois é assim que entendo o significado e a finalidade de uma eleição. Não fui feliz em muitas delas, mas o fiz com a convicção de estar escolhendo o melhor, pela importância que sempre dei ao voto. Nessa caminhada eleitoreira, sei, também, que acertei mais.
Os tempos passam e os homens também. Aliás, em matéria de política, muitos homens não passam, pois se sentem donos vitalícios de cargos públicos, estão sempre de bem com os governos, sejam quais forem, querem sempre o poder nas mãos. Sabem defender seus interesses particulares, estão sempre apoiando aqueles que lhes são gratos pela sua subserviência. Assim sendo, continuam gozando das delícias de uma posição imerecida, pois há tempos deveriam ter encerrado suas carreiras a bem de um país que precisa de políticos na verdadeira acepção da palavra.
Não sou ingênuo a ponto de escrever e assinar embaixo que em outros tempos tudo era um mar de rosas, que caminhava às mil maravilhas porque em matéria de política é difícil acreditar que isso tenha acontecido, sobretudo, entre aqueles que fizeram do voto recebido ponto de partida para uma carreira profissional.
A decepção é tamanha em relação a políticos que se elegem a cada pleito que os eleitores –– sou um deles –– chegam a perder as esperanças num futuro melhor. Votam por imposição da lei ou, então, com o objetivo de eliminar os incompetentes, o que nem sempre é possível porque vale o que a maioria pensa agir certo.
Hoje não se percebe nada de brasilidade e tampouco coerência nas atitudes da maioria dos eleitos para os vários segmentos da política. A palavra tem pouco valor, da mesma maneira que o interesse em tirar partido de situações é um fato. Por isso, vota-se naquilo em que mais se ganha, de acordo com as conveniências, apóia-se quem mais oferece vantagens. Não bastasse isso, muda-se de partidos como se troca de camisa, não se preocupando nada com a fidelidade partidária.
Pior que isso é a enxurrada de escândalos que põe a nu a imoralidade que campeia e a uma situação em que não se chega a lugar nenhum, tudo se perdendo pelos caminhos de emaranhados subterfúgios em defesa de causa própria, sobretudo, porque de rabo preso poucos escapam. Colunas de leitores dos principais jornais estão diariamente recheadas de críticas violentas, de ataques à moral, sem que haja qualquer reação por parte de políticos, ao menos como tentativa de defesa aos impropérios que ouvem e lêem. E quando um cidadão perde de vez a vergonha, dele nada mais se pode esperar.
Então, ficam no ar algumas perguntas: será que antigamente políticos comportavam-se com tanta falta de dignidade como hoje? Uma próxima eleição será a oportunidade para que os eleitores possam repensar em mudar essa situação instalada nos corredores da política brasileira? Quando políticos brasileiros deixarão de defender seus interesses e se dedicarão mais em benefício do povo e do país? Afinal, que país é este?

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