23 de setembro de 2008

ÍMÃS DE GELADEIRAS


Difícil um lar hoje em dia que não tenha uma geladeira empetecada de ímãs. Pequenos objetos característicos de um lugar, comprados ou presenteados, de qualidade e procedências as mais diversas. Fazem parte de retornos de viagens, como lembranças de visitas feitas a lojas de cidades, muito próprias de turistas. Finos em qualidade, produzidos por empresas especializadas, ou de feitio artesanal, constituem figuras específicas de uma localidade, muitas vezes, também, um símbolo apropriado ou escolhido através de enquetes para representar uma organização, um grupo, um povo ou um país.


Em cidades turísticas são dezenas as lojas que se especializam em manter estoques desses suvenires, sabido do interesse em adquiri-los da parte de viajantes, passeadores e excursionistas para tê-los como recordação, não apenas para si próprios como para presentes a parentes e amigos. A maioria deles bonitos e interessantes, daí servirem como enfeites no eletrodoméstico imprescindível em qualquer lar.


São dos mais variados os tipos de ímãs de geladeira. Tudo o que possa servir de motivo é lembrado para representar esses pequenos objetos tão apreciados por parte de muita gente. Assim é que figuram entre eles reproduções da fauna e flora, aniversários, batizados e casamentos, pessoas, veículos dos mais variados tipos, casinholas. Dependendo da procedência, como uma cidade procurada por visitantes para cumprir promessa por uma graça alcançada, até figuras de Santos são cunhadas em madeira. Outras, como litorâneas, o motivo justificado procede dos mares. Já aquelas em que o artesanato é o forte da imaginação, como o nordeste e o norte, figuram miniaturas concebidas em reproduções de tipos característicos da região, desde aves e animais até cangaceiros em trajes típicos.


Ímãs de geladeira vêm de muito longe. Turistas que visitam os quatro cantos do mundo não se esquecem de incluir na bagagem de volta objetos dessa natureza. Assim, não é difícil encontrar uma dessas peças imantadas trazidas de países de um dos cinco Continentes, desde que seja uma lembrança significativa para quem vai recebê-la.


Embora esses objetos guardem um motivo especial, para quem adquire ou recebe de presente, lembro aqui um que tem um significado por demais peculiar. Trata-se do Galinho de Barcelos, Portugal. É uma figurinha colorida, com postura altiva e muito simpática, e, dizem, traz muita sorte para quem ganha como brinde, que se tornou uma tradição pelas bandas portuguesas.


Conta a história que, em tempos que vão longe, o povoado de Barcelos ficou sobressaltado com um misterioso crime ocorrido no local e que desconhecia o assassino, quando apareceu um peregrino, logo tido como o autor ou, pelo menos, visto como suspeito. Aconteceu, então, que esse viajante foi preso e condenado à forca. Baldados foram os seus argumentos que estava de passagem pela cidade, jurando inocência, pois tinha em mira visitar Santiago de Compostela.


Como ninguém acreditou nas suas palavras e como último recurso para escapar do enforcamento solicitou uma audiência com o Juiz que decretou sua condenação. Bateu à porta da casa do magistrado, que, na companhia de amigos, apreciava um lauto jantar. Jurou à frente de todos que nada tinha a ver com o acontecido, mas recebeu como resposta uma demorada gargalhada. Cabisbaixo e sem muita esperança aguardou que um momento de silêncio ganhasse corpo no ambiente. Levantou a cabeça e muito senhor de si olhou nos olhos de cada um dos presentes e, apontando para o galo assado que servia de repasto, proclamou em alto e bom som que era tão certa a sua inocência que a ave cantaria quando do seu enforcamento. Retirou-se e, novamente, ouviu gargalhada que ecoou longe. Mas suas palavras fincaram fundo no sentimento dos comensais, ninguém quis comer o galo e todos esperaram para saber o que aconteceria. No instante do enforcamento, o galo levantou-se na mesa e todo altaneiro cantou, assustando os presentes, que saíram em desabalada correria, uns tropeçando nos outros. A graça aconteceu e o peregrino seguiu seu caminho. Depois de tempo mandou construir em Barcelos o Cruzeiro do Galo, em louvor a São Thiago e a Nossa Senhora.

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